"preparo um canto que faça acordar os homens e adormecer as crianças"


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Computador, cabeei!

Nessa nova Era, cheia de inovações tecno-científicas, contextualizadas numa sociedade expressa e corrida, uma relação fundamental se trona frágil e cetas vezes superficial. A educação feita em casa, pelos pais, está se defasando em outros meios de contato com as crianças.
A necessidade de babás se torna mais frequentes, enquanto os pais trabalham fora; porém mesmo quando estão em casa, a relação não se torna plena, até mesmo pelo costume de a criança - ou jovem - lidar constatemente com a máquina.
Cada vez mais, o computador é utilizado como educador, ou meramente como uma fuga.
As marcas lançam máquinas e programas para "atender" - ou seduzir - esse mercado que, inocentemente, enxerga apenas o lado bom, do momento, da brincadeira e praticidade. Porém cabe aos pais, decidir até que ponto essa dependência diária do computador é salutar para a formação cognitiva e social da criança, embora a partir de certa idade já se torna responsabilidade também de cada um, perceber as diversas implicações negativas do uso intensivo da máquina.
Os avanços do homem tecnófilo que tanto ajudam a acomodá-lo, se mostra exagerado nessa situação, e, o comodismo (da praticidade) que "vem para colaborar", acaba atrasando e traindo seu objetivo: o computador atrofia o conhecimento do homem pelo homem; não há olho no olho. Imagine a dificuldade do jovem que cresceu de cara para a tela, isolado num mundo fantástico, de compreender a maldade, a perspicácia embutida no ser humano.

Bocejo

Acordar todos os dias não é tarefa fácil, todos sabemos. A rotina é cansativa e nos prende por necessidade; comer, pagar contas, fazer compras, tudo começa com o despertador e uma boooa espreguiçada. O resto do dia está intimamete ligado ao acordar. Uma boa noite de sono é fundamental para acordarmos tranquilos e passarmos o resto do dia com bom-humor, sorrindo à toa e cumprimentando os vizinhos.
O bom-humor, dentro da sociedade rígida e julgadora do séc XXI é como um bocejo: despretencioso e contagiante, impondo-se ao mau-humor que impera. Essa qualidade faz dele o combustível principal de uma boa relação: seja no trabalho ou até num jogo.
Repare: o bem-humorado pode não ser um bom-jogador, mas certamente será mais vituoso, pois será um bom-perdedor e saberá respeitar e quiçá curtir a felicidade dos ganhadores.
O bem-humorado tem maior chance de subir na vida; o sorriso e o desapego à melancolia facilitam as ideias, a conversa construtiva e põe a pessoa numa abertura convidativa aos outros, conhecidos ou não!

uuuuaaaaaaaahhhhhhh...

...Namarola...

Razão ou Loucura
altura e lagura
anarquia ou ditadura
nada existia de onde eu vim.

Eu vim de lá...
Onde importava estar,
crescer
e me alimentar

Vivo agora no centro de um furacão,
vários no chão
ninguém olha pro lado,
ninguém estende a mão.

Nove meses de calmaria,
uma vida de confusão!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Alien

Alienação:
a.li.e.na.ção
sf (lat alienatione) 1 Ação ou efeito de alienar; alheação. 2 Cessão de bens. 3 Desarranjo das faculdades mentais. 4 Arrebatamento, enlevo, transporte. 5 Indiferentismo moral, político, social ou mesmo apenas intelectual. Antôn (acepção 5): engajamento, participação. A. mental: loucura.

Em 4010, arqueólogos encontraram vestígios do que seria a moradia de um ser que viveu há cerca de mil anos antes. Um ser que parecia uma evolução do homem, algo parecido com o homo sapiens sapiens, mas que possuía traços até então decohecidos: dedos grandes, olhos grandes e cabeção.
O tempo passou, novas descobertas...até que um celébre arqueólogo descobiriu uma máquina muito difundida entre aqueles seres, que ele chamou de computador. Com as pesquisas ele percebeu que o computador era indispensável a vida deles.
O tempo passou, novas descobertas...até que um celébre biólogo retomou a teoria da evolução de Calvin, que se consistia no processo de Seleção Natural.
Pronto, foi só juntar o tico e o teco e a ciência percebeu que os "novos seres" eram meramente uma evolução do homo sapiens sapiens provindo da Seleção Natural. Estava explicado. Eles não viviam sem o computador, logo, sobreviveram aqueles que tinham mais facilidade para com ele.
Os dedos, segundo descobriram, servia para teclar, ou digitar, como a ciência chamou; os olhos grandes serviam para aturar horas a fio em frente a máquina sem causar prejuízos; o cabeção, como foi consenso pelo corpo científico, servia para armazenar as trocentas informações que a máquina passava ao mesmo tempo sem dar curto circuito no cérebro das criasturas. O corpo deles era uma verdadeira máquina para a máquina computador. Viviam disso.
Esse processo de evolução interessantíssimo observado pelos cientistas de diversas áreas foi chamado, após muita discussão e finalmente consenso, de ALIENAÇÃO. Pois está claro, a transformação de homo sapiens, para o que eles chamaram homo aliens.


Alienação em 4010:
1 Processo evolutivo de transformação específica (de espécie); de homo sapiens sapiens (homem) para homo aliens, ou alienígena.

Pensemos! Não nos deixemos evoluir pela máquina! não alienemo-nos!


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Criânsias e Experiências

Outro dia lá na EDEM, eu ia projetar um filme chamado "Coraline" para o 4º ano, antiga 3ª série - 8, 9 anos.
Pois estava eu lá sentado pronto para começar, apenas esperando as crianças entrarem e se acalmarem. De repente um moleque, com algum grau de altismo e um alto grau de criatividade, começou a abaixar o short! do meu lado! e eu, como educador e responsável disse "Põe esse short moleque! tu não tá em casa, tu já é grande, vê se tem alguém sem calça aqui..." e todas essas coisas que quem foi aluno conhece. Ele me respondeu naturalmente, sem pestanejar "Monstro não usa roupa!" - MONSTRO NÃO USA ROUPA! - o que eu ia fazer diante disso? ia dizer a ele que não era monstro, ia usar a força...não tinha o que fazer além de rir! e ele continuou, tirou a cueca e ficou lá, peladão na sala, deitado de bunda pra cima, e eu dizendo "ei moleque, sai dai, todo mundo te vendo pelado, tu com o piru no chão sujo", tentando ao menos garantir a saúde do monstro. Nesse meio tempo a turma toda já tava gargalhando, apontando, gritando, enfim!
Entra a professora e vê tudo. Entende que não é dizendo a ele que ele não é um monstro que iria controlar a situação...afinal ele é um monstro, se ele quer ser...é criança, quem dirá que não é?!
Pois ela diz então "quer ficar pelado? então vai ficar pelado o dia inteiro, vou guardar sua roupa lá na sala!" Daí eu achei, iiiih, agora ele vai começar a gritar, querer pegar a roupa...que naaada!! o moleque continuou tranquilão, com o bingulim balangando, todo mundo olhando e ele nem aí. Daí a professora saiu e ele foi atrás, pra ela não ligar pro pai...

A gente cresce, "amadurece" e esquece a pureza, nega a criatividade com medo ser apontado, com medo não ser normal, de não estar na norma. Norma essa que foi forjada senão pelos outros. Façamos das normas, as nossas criatividades, as nossas liberdades e vontades verdadeiras, puras. Sejamos por fim, todos grandes monstros! com ou sem roupa.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Haiti não é aqui

Outro dia teve um show beneficente no Circo Voador a favor das vítimas lá do Haiti. Daí o ingresso era alimentos, leite e água. Pois bem.
No início do show, assim que eu entrei e olhei para a direita, onde estavam as sacolas com alimentos (na sua maioria, água), vi um cara dando um golão cheio de desejo numa das garrafas. Um cara com a camisa da organização. Será que ele comprou aquela água? Ou será que ele é haitiano?
No fim do show, os meninos de rua da lapa começaram a saquear os alimentos. Óóóó!! que surpresa! como ninguém tinha pensado nisso! as pessoas começaram a se mobilizar pra retirar as sacolas dali e evitar que roubassem. Evitar que nossos vizinhos, vítimas diretas do nosso modo de vida, do nosso egoísmo, comessem, em favor de garantir (OU NÃO) a chegada desses alimentos até a boca dos haitianos.
Quando será que os mendigos da lapa merecerão um show beneficente?
O Haiti, infelizmente, não é aqui.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eles também marolaram um dia

"...mas não bastando concluir para destruir, tudo se manteve..."
Machado de Assis

"Quem sabe que conselhos vou inventar...
e que atalho seguirei para não segui-los"
Mario Benedetti

"Um dia desses,
eu separo um tempinho
e ponho em dia todos os choros
que não tenho tido temo de chorar"
Carlos Drummond de Andrade

"Para que se preocupar com o amanhã,
se ele acaba depois de amanhã?"
Pica-Pau

"Dia a dia mudamos para quem
Amanhã não veremos.
Hora a hora
nosso diverso e sucessivo
alguém
desce uma vasta escadaria
agora."
Fernando Pessoa

...Namarola...

Uma das capacidades exclusivas do ser humano na natureza: a Artimanha. Afinal, é ela que nos prende a esse mundo de desconfiança! Se fosse apenas Artimanha, o dom do Racional Construtivo, afim de elaborar soluções para resolver diversos tipos de problemas...mas essa Artimanha de Pensamentos, abstrata que encaminha para um Interesse Oculto perigoso e parcial, não é louvável nem desejosa. Em verdade, é desejoso e expressamente necessário que saibamos todos o quão destrutivo é cultivo dessa Artimanha de Pensamentos e, do entendimento sairá, espero, a vontade de mudar e passar a esquivar-se dela dentro da própria mente. Assim, estaremos saindo um pouco da Mentalidade Social, confusa, cheia de símbolos demais, opiniões demais, sentimentos demais, muito presente nas grandes cidades e da qual a Artimanha é base, passando então a buscar a Própria Mentalidade. Contudo, a experiência da Mentalidade Social, uma vez observada e separada da Própria Mentalidade, nos deixa aptos a estudá-la com olhos distanciados (até certo ponto), conhecendo e reconhecendo aquilo que, se não direta, indiretamente proporcionar-nos-á uma sabedoria construtiva de si mesmo e do Meio Social em que vivemos.

2008! às vezes faz sentido, às vezes não! haha
Não fique se achando
brilhante e profundo
enquanto fica só viajando
e reclamando
vendo mentes imundas
mandando no mundo.

Faça!
"Revoluções são impossíveis até que se tornem inevitáveis"
Trotsky

Impérios e Colônias

O brasileiro tava de férias em Portugal - e essa é verdade!! - sábado de sol, nada pra fazer e tal, ele resolveu dar uma volta e passou em frente a um cinema. Sem dinheiro na hora, ele se dirigiu ao guichê:
- Boa tarde moço, sabe me dizer se vocês fecham amanhã?
- Não senhor, não fechamos não senhor.

Lá foi o carioca pra casa. No dia seguinte, 17:00 tava ele contando o dinheiro pra comprar o ingresso. Quando ele olha, o cinema fechado. Ele não entende nada, fica puto e vai falar rispidamente com o o guichê, que agora estava limpando as portas:
- Ué moço! O senhor disse ontem que não iam fechar hoje!
calmamente o português responde lúcido:
- Ora, ué digo eu moço, o senhor perguntou se nós fechamos hoje, pois me responda agora: como vamos fechar se nós nem abrimos!?!?

essa é verdade!!

Impérios e Colônias - Pensando o etnocentrismo

O primeiro aspecto a ressaltar é o caráter universal do etnocentrismo. Toda sociedade vê o mundo através da sua lente cultural, e não é fácil fugir dela. Contudo, perigoso é não perceber que essa "sua" lente não é a única e, ainda pior, é rechaçar qualquer expressão provinda de outros ingredientes sócio-culturais. A exemplo sucinto, cito a chegada de Colombo à América, ao Novo Mundo. A esquadra espanhola chega cheia de planos e intenções, porém percebem logo, que não é fácil lidar com os nativos. Talvez se o tratamento dado aos costumes destes fosse mais receptivo, não haveria tanta negação. O fato é que os europeus não só foram vítimas do seu etnocentrismo (experimentado sempre por todos os lados de um choque cultural), como foram motivados pelas diferenças a impor seu modo de vida. Não quero generalizar o etnocentrismo como um motor de escravidões e derramamento de sangue. O etnocentrismo é observável em pequenas atitudes: o brasileiro que estranha a carne de cachorro da China, ou o chinês que abomina a ideia de comer uma vaca; ou ainda o espanhol que chegou matou, estuprou e chama aos índios de selvagens! enquanto para o índio, ser selvagem é uma condição de sobrevivência, de orgulho, a selva é sua casa, logo esse conceito só tem sentido pejorativo, na etnocentria européia-cristã. Infelizmente esta etnocentria européia-cristã faz parte do "censo comum" de diversas outras regiões.
Colombo e os seus passam a negociar e trocar com alguns grupos indígenas. É claro que essas trocas enredavam ainda mais os nativos nos interesses espanhóis. Porém, os grupos que não estavam para acordos, foram vítimas de etnocídio, limpeza, matança indiscriminada, finalmente o cúmulo da arrogância etnocêntrica!
Eis o primeiro contato do homem branco com a América (há controvérsias). Marcado primeiramente pela indiferença à cultura, depois pelo controle e, ao cabo, pelo genocídio, que, nesse caso, marcado de etnocentrismo, chamo confortavelmente de etnocídio.

Hoje em dia, a Europa (ocidental sobretudo) permanece agredindo os setores sociais majoritariamente estrangeiros, como pobres e migrantes (não-UE), mesmo que esses migrantes venham de suas (ex-)colônias. E por que? De que adiantou tantas ideias, tanta filosofia no Velho Mundo? Será que para buscar novas formas de autorizar essa agressão? Será que para atenuar a obviedade da agressão? porque hoje se agride com dinheiro, com capital. Ficam sem comer lá porque comem demais acolá, enfim.

Enfim.

Impérios e Colônias

O brasileiro chega lá em Portuga, digo, o inglês chega lá na Irlanda, logo ali, noroeste da Europa. É férias e ele quer ir com seu filho pra cidade New Ross.
Eles passam por um irlandês típico: gordo e avermelhado; o pai pergunta sobre o melhor caminho para a cidade. O portug...o irlandês responde:
- Não sei não, opá.
Então eles seguem. Logo o homem grita:
-Ei ei!! Calma, calma! - ele corre atrás esbaforido
O carro dá ré:
-Ah, moço, brigado, sabe nos dizer?
-Ora pois, perguntei ao meu amigo aqui e ... - ele mal consegue falar
-Eee...?
-...ele também não sabe!

!!

Bem, o que fazer né? seguiram viagem, sem saber pra onde.
Adiante, entraram numa padaria. No balcão estava outro homem da terra, outro irandês típico: barrigão de fora, bigode, espantando as moscas com o pano.
- Pois não, senhor, boa tarde. Sabe nos dizer como chegamos até New Ross de carro?
Ele pensou, enrolou o bigode, franziu a testa, pensou e respondeu:
-Olha, eu se fosse você não começava daqui não!
Segnda-feira, 1º de fevereiro, EDEM, primeiro dia de trabalho.

Já começo a trabalhar, antes mesmo do café. Bem, trabalho faz parte, mas o pensamento do dia, que martelou a minha cabeça até criar calo, foi sobre a palestra que a equipe pedagógica assistiu.

Ralph era o nome do cara, inglês, filósofo, professor da PUC-Rio, a palestra era mais ou menos "Educar no contexo do pensamento contemporâneo". Daí tava eu lá, operando o equipamento necessário e, claro, de ouvido bem aberto.

A questão era, principalmente, sobre as dificuldades dos educadores de uma escola que "nasceu com o pensamento alternativo" (palavras de toda a equipe) de se adequar a esse tipo de ensino majoritariamente mercantil, no qual os pais põe seus filhos na educação infantil perguntando sobre os resultados de vestibular. Estranho ne. Mas o que me incomodou e me emocionou foi perceber quão difícil é para eles, elaborar uma estratégia para que esse colapso no pensamento comece - comece - a ruir. Como lidar com esse pai? Como mediar os interesses da demanda e do ideal? Como, quando e para onde podemos expandir nossa resistência? Vale se arriscar?
Diante dessas perguntas, tantas e sem resposta, eu pensei "e tudo o que eu vivi aqui surgiram de dúvidas e não de certezas? isso não é em si, o risco? e porque não o risco?".
Não levo nas costas o peso de culpa da situação de ninguém e muito menos da sociedade, mas levo pra qualquer lugar o peso da responsabilidade de, mostrando o que eu penso, e pensando o que me mostram, trocar, mudar e ser mudado, sem vergonha de admitir que isso é necessário tanto a mim quanto a você.
Educação é minha paixão, é o nosso futuro...vivo e aprendo sem medo de errar.

Acabou nada a ver com nada...escrevendo por refletir