"preparo um canto que faça acordar os homens e adormecer as crianças"


terça-feira, 9 de março de 2010

Nikit City Stories apresenta:

O Dia do Terror:

Uma feijoada comemorativa de um chá de panela, foi lá que tudo aconteceu.
O dia estava ensolarado, os amigos felizes, bebendo, comendo e dançando. Após a comilança, a noite caia e as nuvens negras galopavam com pressa no céu. Não tardou uma latinha de cerveja para o céu azul dar lugar ao exército negro acima de nós. Alguns dizem que esse foi um sinal, e que dali em diante tudo já estava predestinado. Quem sou eu pra dizer...
Depois de muita festa resolvi deitar-me num dos quartos. Estava quieto, quase caindo nos ermos cantos da mente, fugindo da razão. De repente, num susto e num pulo, ouvi do lado de fora do corredor:
-Vam'bora!! que que tem aqui?! vam'bora!
-Calma moço, só tem estudante aqui, num tem nada de valor na casa...
Meu coração correu! Olhei pela janelinha da porta do corredor e vi apenas, como num enquadramento feito com duas mãos, dois amigos de mão para cima, um pertinho do outro. "Pronto! estão assaltando a casa, não acredito! que isso, que viagem" - aí, olho novamente e os vejo rindo. "Ah, que susto, é só brincadeira", e resolvo sair. Vou colocar a mão na porta, e sair do quarto quando ouço do outro lado da parede:
-Bora porra, tira logo da tomada, que que tem mais por aqui?
e do outro lado, na porta para o corredor, ouvia outras vozes:
-Moço, acalma ele lá, ele tá nervoso, tem mulheres ai, não tem por que machucar...
Nesse meio tempo eu tranquei a porta e voltei a deitar, quietinho, sem mover um músculo sequer. Só ouvindo e imaginando filme de terror protagonizado pelos meus amigos.
No final dessa loucura, ouvi da janelinha, aquela do corredor, a ideia que mexeu e vai ficar comigo pra sempre, enquanto eu quiser lutar pelo bem:
-Então, ninguém vai dar queixa não né, não exculachei ninguém, exculachei? Não exculachei, não xinguei...Isso aqui é nosso trabalho, nossa correria. Vocês têm pai têm mãe, têm oportnuidade, têm dinheiro. A gente não tem oportunidade, temos que fazer isso, é nosso ganha pão, nosso trabalho tá ligado, nossa correria.
E outro completou:
-Vai, dinheiro e celular, coloca aqui todo mundo!
...
...
Saí do quarto e vi as caras dos meus amigos. Depois me contaram o que eles viram. Sorte que eu só ouvi.

3º ano = confusão

Eu vivo dizendo que o 3º ano é muitas coisas: uma fase da vida, um jeito de pensar, um estilo de vida, um estado de espiríto etc.
Pois outro dia, após inúmeras tentativas de uma explicação óbvia, me veio à frente, uma demonstração exemplar do efeito profundo que o 3ª do ensino médio, o fatídico ano do vestibular, exerce nas cabeças confusas dos vestibulandos.
Eu estava lá na lapa com o Lourenço, quando encontrei umas amigas mais novas, que estão justamente nesse ano tão importante para o sistema educacional brasileiro.
Daí, elas, que já estavam mais pra lá do que eu, conversavam sobre tudo comigo e trocavámos ideias diversas, muito, muito longe do vestibular. Foi quando perguntei a uma delas, sobre o resto da noite:
- E aí, vai fazer o que?
e ela responde sem pestanejar:
-Comunicação na UFRJ, Artes Cênicas na UNIRIO e acho que Cinema na UFF! Você tá fazendo Geografia né?
Eu falei - é...- ri dela e fiquei pensando...