"preparo um canto que faça acordar os homens e adormecer as crianças"


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Impérios e Colônias - Pensando o etnocentrismo

O primeiro aspecto a ressaltar é o caráter universal do etnocentrismo. Toda sociedade vê o mundo através da sua lente cultural, e não é fácil fugir dela. Contudo, perigoso é não perceber que essa "sua" lente não é a única e, ainda pior, é rechaçar qualquer expressão provinda de outros ingredientes sócio-culturais. A exemplo sucinto, cito a chegada de Colombo à América, ao Novo Mundo. A esquadra espanhola chega cheia de planos e intenções, porém percebem logo, que não é fácil lidar com os nativos. Talvez se o tratamento dado aos costumes destes fosse mais receptivo, não haveria tanta negação. O fato é que os europeus não só foram vítimas do seu etnocentrismo (experimentado sempre por todos os lados de um choque cultural), como foram motivados pelas diferenças a impor seu modo de vida. Não quero generalizar o etnocentrismo como um motor de escravidões e derramamento de sangue. O etnocentrismo é observável em pequenas atitudes: o brasileiro que estranha a carne de cachorro da China, ou o chinês que abomina a ideia de comer uma vaca; ou ainda o espanhol que chegou matou, estuprou e chama aos índios de selvagens! enquanto para o índio, ser selvagem é uma condição de sobrevivência, de orgulho, a selva é sua casa, logo esse conceito só tem sentido pejorativo, na etnocentria européia-cristã. Infelizmente esta etnocentria européia-cristã faz parte do "censo comum" de diversas outras regiões.
Colombo e os seus passam a negociar e trocar com alguns grupos indígenas. É claro que essas trocas enredavam ainda mais os nativos nos interesses espanhóis. Porém, os grupos que não estavam para acordos, foram vítimas de etnocídio, limpeza, matança indiscriminada, finalmente o cúmulo da arrogância etnocêntrica!
Eis o primeiro contato do homem branco com a América (há controvérsias). Marcado primeiramente pela indiferença à cultura, depois pelo controle e, ao cabo, pelo genocídio, que, nesse caso, marcado de etnocentrismo, chamo confortavelmente de etnocídio.

Hoje em dia, a Europa (ocidental sobretudo) permanece agredindo os setores sociais majoritariamente estrangeiros, como pobres e migrantes (não-UE), mesmo que esses migrantes venham de suas (ex-)colônias. E por que? De que adiantou tantas ideias, tanta filosofia no Velho Mundo? Será que para buscar novas formas de autorizar essa agressão? Será que para atenuar a obviedade da agressão? porque hoje se agride com dinheiro, com capital. Ficam sem comer lá porque comem demais acolá, enfim.

Enfim.

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